Carta 4 de alguém em obras
Hoje, estou escrevendo sobre saudade, que assim como a palavra, é um sentimento que não se pode traduzir. Somo seres que sentem, fomos feito para sermos assim, uns são mais sensíveis que outros, mas não deixam de sentir. Fomos feitos para amar e sentir amor, para estarmos com pessoas, nunca sós. Não, não fomos feitos para a solidão de forma alguma.
Em nossa jornada de vida, vamos conhecer muitas pessoas, nos tornarmos próximas delas, criar laços e em vários desses momentos, vamos deixar para trás ou sermos deixados, os laços são desfeitos e só nos restam lembranças. As lembranças nem sempre são adormecidas por completo, sabemos que uma hora ou outra o sentimento que ela produzia em nós não terá o mesmo efeito. Mas o fato de não sentirmos, não quer dizer que não produzam saudade, de algum momento ou de alguém. Aprender a viver sem alguém que você tanto tinha apreço e que aquecia seu coração, o faz rachar no momento da partida. Ninguém diz como as coisas terminam quando elas começam.
Mesmo assim, com o coração ainda doendo a cada lembrança, mesmo com saudade, sei que em algum momento as coisas que agora parecem estar um pouco bagunçadas voltam ao seu lugar, ou ao lugar onde elas devem estar de fato. Não podemos prever o amanhã, não podemos prender ninguém, muito menos fazer o tempo parar para que o momento dure tanto mais que não termine, mas podemos não nos culpar quando fizemos o nosso melhor para que o outro ficasse, que fizesse morada, que fosse decisão permanecer amanhã, e depois e depois...
Tantas vezes a partida causa feridas, mas a cura vem ao entendermos que muitas delas eram necessárias acontecer para que houvesse liberdade. Não entendemos que estamos sendo presos até o momento em que saímos da gaiola em que estávamos e abrimos nossas asas para voar. Muitas vezes me diminui para caber em outros que a primeira oportunidade me deixaram, e me culpei por isso, até o Senhor me falar que quem havia feito acontecer os rompimentos tinha sido Ele, por amor, por zelo e então entendi que precisa mudar a ótica em que enxergava as circunstâncias. Para que houvesse a intervenção de Deus, era porque, por mim mesma, nunca seria capaz de sair, mesmo que significasse que só eu seria ferida e não é assim que tem que ser.
Mesmo tendo muito cuidado, ainda sim não estaremos imunes a dor, a partidas e a saudade, mas podemos fazê-las de forma prudente. Por amor nos ajustamos, mas não abrimos mão de quem o Senhor nos chama a ser. Por amor choramos, dividimos as tristezas e nos alegramos na alegria, mas não diminuímos a nós mesmo para caber na vida dos outros. Fazemos nosso melhor porque faz parte de nós e estando perto de Jesus, Ele cuida de quem deve ficar e quem deve ir. Um dia percebemos que a saudade faz parte da nossa vida, mas que ela não é um lugar, assim como a dor e a tristeza, ela é um momento.
Quem sabe quando a saudade dará lugar a novas lembranças? Somos tão imaturos às vezes que precisamos passar pela distancia para nos encontramos novamente lá na frente e vivermos novas histórias. Sim, alguns se tornam desconhecidos, mas outros podem lá na frente voltar para ficar. Aprender a confiar todo, não só uma parte, mas todo o futuro nas mãos de Quem realmente sabe cuidar da melhor forma possível, não é fácil, mas é maravilhoso crer e saber que será brilhante. Eu sinto saudade hoje, mas ela não vai doer mais em um amanhã.
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